Ministério Público culpa Prefeitura de Carangola por surto de dengue
(Reportagem extraída do Jornal O Campeão em 07/04/2010) O surto de dengue que assola Carangola, levou o Ministério Público Estadual a dar um ultimato às autoridades de saúde do município. Em ação civil pública ajuizada esta semana, a promotoria pede que a prefeitura seja obrigada a fornecer gratuitamente repelentes para a população, na proporção de 100 ml por habitante semanalmente. A expectativa é de que a ação, em caráter de urgência, seja julgada até sexta-feira (09).
A situação no município é tão alarmante que estima-se que o vírus tenha contaminado quase um terço da população. Até o secretário municipal de Saúde, Amaury Costa, está entre os suspeitos de terem contraído a doença.
Dados totalizados na tarde de terça-feira (6) pela Secretaria Municipal de Saúde indicam que o contágio não para de crescer. São 3.852 casos notificados no município, de 32 mil habitantes. Mas, para o promotor Marcos Aguiar Arlé, os números estão longe de refletir a realidade, uma vez que muitos doentes com sintomas não procuram o serviço público de saúde. O MP estima que 9 mil carangolenses, ou 30% da população, contraíram a doença, que se instalou na cidade em dezembro do ano passado. O vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti também já teria provocado a morte de cinco pessoas.
A cidade figura em quarto lugar no estado em notificações de dengue, atrás de Belo Horizonte e Betim, na região metropolitana da capital, e Montes Claros, no Norte de Minas. A prefeitura já foi obrigada pela Justiça a vistoriar 1.397 imóveis que não haviam recebido a visita de agentes de saúde porque estavam fechados. Atendendo a pedido do MP, a Justiça determinou ainda a intensificação na aplicação de inseticidas. Segundo o promotor, a epidemia de dengue em Carangola foi ocasionada por falhas no controle e no combate na disseminação da doença, entre elas o descumprimento das ações do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) do Ministério da Saúde.
Maior autoridade sanitária do município, o secretário de Saúde Amaury Costa ficará de repouso em casa, no Bairro Santa Maria, até o próximo dia 15. O exame de sangue preliminar não indicou a presença do vírus, mas testes específicos que diagnosticam a dengue ainda são aguardados.
No lugar de Amaury, assumiu interinamente o diretor do Programa de Saúde da Família e presidente do Conselho Municipal de Saúde, Anderson Barbosa. De acordo com ele, o poder público vem cumprindo todas as orientações repassadas pela Gerência Regional de Saúde (GRS) de Manhumirim, que incluem campanhas educativas, limpeza de calçadas e quintais, pulverização de inseticidas por meio de bombas costais e aplicação de larvicidas. “O Ministério Público não tem a mesma visão de quem está no combate à dengue. Muita gente aproveita o momento para tirar vantagem política”, reclamou.
Fonte: uai.com.br
Opinião:
É necessário ter cautela ao apontar um ou outro setor como o grande responsável por uma epidemia que não é problema restrito à uma única cidade. É óbvio que não se pode isentar um governo local, porém, também é notório que o problema pode ser resolvido quando a população faz a sua parte. Exemplo disso está no fato de às vezes cidades vizinhas à uma que enfrenta epidemia, não apresentarem casos diretos de transmissão, apenas os 'importados', ou seja, de moradores que estiveram nas áreas de risco e que adquiriram a doença por lá. O proprio presidente Lula, quando da inauguração de uma obra do PAC na baixada fluminense em março de 2008 já alertara para este ponto, discursando para os presentes ele lembrou que as responsabilidades devem ser compartilhadas. "E aí tem a responsabilidade do presidente, do governador, do prefeito, de cada habitante deste país, porque se a gente não limpar a água que está empossada na nossa casa, na nossa rua, na nossa cidade, no nosso estado, todos seremos vítimas da irresponsabilidade", afirmou. E completou: Nós temos que cuidar dela (dengue) muito antes das pessoas serem picadas pelo mosquito. Temos que cuidar antes, que fazer limpeza antes, porque quando o mosquito morde aí já é mais delicado", disse.