Manhuaçu: Reunião discute segurança durante a safra de café
(Foto: Carlos Henrique Cruz / Portal Caparaó) |
A valorização do preço do café e os reflexos disso na economia e nos índices de criminalidade motivaram a Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu (ACIAM) a reunir diretores e autoridades durante a manhã de sexta-feira (29), para discutir mudanças nos comportamentos e medidas de segurança.
O relato de produtores assaltados no momento do pagamento dos trabalhadores, o furto de sacas de café e os quatro registros de roubo após a saída de agências bancárias em Manhuaçu está criando uma preocupação enorme na cadeia produtiva do agronegócio café. Na reunião, a ACIAM recebeu diretores e empresários, o Comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar Tenente-coronel Luiz Carlos Rhodes, o Auditor do Ministério do Trabalho Flávio Pena e o Presidente da Associação de Cafés Especiais, Alexandre Leitão.
Cheques
Considerado um dos grandes desafios para os produtores, o pagamento com cheques ou através de acordos com supermercados e mercearias foi apontado como uma das alternativas mais viáveis para evitar a circulação do cafeicultor com grandes somas em dinheiro.
O vice-presidente da Federaminas e também presidente da ACIAM, Antônio Carlos Xavier da Gama, argumentou que a ideia é reduzir a oportunidade para os ladrões. “Hoje, com os casos de roubos em propriedades no dia do pagamento e esses registros de saidinha de banco, os cafeicultores viraram alvos potenciais. Ao retirarmos o dinheiro em espécie de circulação, os bandidos ficam sem a oportunidade. Queremos incentivar os produtores a adotar esse procedimento e fazer os trabalhadores entenderem que é melhor o pagamento em cheque”, afirmou o dirigente.
André Farrath citou casos como o roubo no bairro Santana no ano passado, em que um produtor, para evitar levar dinheiro para a roça, fazia o pagamento dos trabalhadores na casa do responsável pela turma. “Um bandido viu aquela rotina e assaltou na hora do pagamento. Depois, tivemos um caso, na região da Bem Posta, em que os ladrões chegaram na hora do acerto na fazenda e na semana passada, os dois produtores que foram roubados em 35 mil depois que saíram do Banco do Brasil e já estavam na rodovia em Realeza”, afirmou.
André argumentou que esses produtores estão adotando o cheque como forma de pagamento. “É difícil, mas está funcionando. Os produtores pagam em cheque e indicam lojas e supermercados, com os quais já combinaram, para os trabalhadores troquem o cheque. Isso está funcionando em Reduto, Santana do Manhuaçu e na Ponte da Aldeia”, afirmou.
O auditor Flávio Pena disse que a ideia é boa, mas precisa ser estudada profundamente. “Existe uma dificuldade muito grande para manter os trabalhadores na colheita. Eles não querem carteira assinada, não querem ter vínculo e acabam falando que vão trocar de fazendo se não receberem em dinheiro. Na safra, sabemos que nada segura esse povo, mas com certeza o cheque é um meio mais seguro até para o trabalhador, que também está sujeito a ser assaltado”, comentou Flávio Pena.
Os números apresentados no encontro mostram que fazer a segurança de todos ao mesmo tempo é impraticável já que existem aproximadamente 3.600 propriedades rurais em Manhuaçu.
(Foto: Carlos Henrique Cruz / Portal Caparaó) |
O comandante do 11º BPM, Tenente-coronel Rhodes, alegou que o encontro foi bastante produtivo. “A reunião foi muito importante. Convido a todos os proprietários rurais a abrirem as portas para receber a equipe da patrulha rural que irá intensificar visitas no sentido de cadastrar pessoas, propriedades e também colher informações que serão fundamentais para a prevenção de crimes neste período”, concluiu.
Rhodes ainda mostrou a todos os presentes que a polícia tem catalogado cerca de 500 pessoas contumazes na prática de furtos e roubos e que atualmente o número de abordagens a motos foi elevado de 20 para 120, principalmente as motocicletas com duas pessoas.
Ele reconheceu que a ideia de reduzir a quantidade de dinheiro em circulação é válida: “Precisamos adotar práticas no sentido de evitar problemas com relação à violência e criminalidade. Temos que atuar na prevenção e as pessoas devem mudar comportamentos e atitudes no dia-a-dia”, comentou Luiz Carlos Rhodes.
O Presidente da ACIAM, Toninho Gama, destacou que a preocupação é com a segurança dos produtores e dos trabalhadores rurais. “Temos uma preocupação com a segurança de todos, então promovemos a reunião com objetivo de evitar problemas para os produtores. Nosso intuito é fazer com que o pagamento aos funcionários seja feito por meio de cheques a fim de diminuir o risco de assaltos e para a segurança de quem está pagando e quem está recebendo. Vamos fazer um trabalho junto ao comércio para que possa estar facilitando este recebendo dos cheques”, salientou.
Com informações e imagens do Portal Caparaó