Carreta com carga tóxica tomba às margens do rio Manhuaçu
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Ainda é possível ver gases saindo do tangue 12 horas após o acidente (Foto: E.C.Sette / PR) |
Uma carreta carregada com carga tóxica tombou às 19:35 da noite desta terça-feira (14) no km 595,1 da rodovia BR 116, próximo ao acesso à comunidade de Bom Jesus de Realeza (Manhuaçu). A carreta saiu da pista e caiu de uma ribanceira de 5 metros, vindo a parar em um brejo às margens do rio Manhuaçu. Ela estava transportando ácido clorídrico, um produto altamente tóxico, cuja inalação pode causar lesões graves e até mesmo levar à morte. Após o acidente a carga começou a derramar, entrando em contato com o ar e a água, provocando uma densa formação de vapores brancos altamente tóxicos, impedindo a chegada ao local sem equipamentos adequados.
A carreta placas HJF-4404 (cavalo mecânico) e HDI-3413 (reboque) da cidade de Juiz de Fora é de propriedade da Transportadora Herculano e seguia do Rio de Janeiro com destino a cidade de Timóteo, quando seu motorista perdeu o controle ao entrar na curva, atravessando toda a extensão da pista e caindo na ribanceira localizada no acostamento do sentido contrário. O motorista foi atendido pelo Corpo de Bombeiros Militar de Manhuaçu, sendo conduzido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade com lesões leves.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros composta pelo Ten. Hoberdan, sargentos Salgado e Guilherme e soldados Henrique e Inácio juntamente com os policiais rodoviários Tadeu Lima e Carlos Alfredo permaneceram de prontidão no local para as primeiras providências até a chegada da empresa responsável em conter o vazamento do produto. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Realeza entrou em contato ainda durante a noite com a Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM em Belo Horizonte, que enviou um técnico para acompanhamento dos trabalhos de retirada do veículo. Além da FEAM, a PRF entrou em contato com a Defesa Civil de Manhuaçu, pois parte da água deste rio é consumida pela população da cidade.
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Veículos da empresa responsável pela contenção e transbordo da carga de ácido clorídrico (Foto: E.C.Sette / PR) |
Contenção e transbordo da carga
Funcionários da empresa S.O.S. Cortec, de Belo Horizonte, especializada em contenção de cargas tóxicas, chegaram ao local por volta das 02:30 da manhã e conseguiram em pouco mais de 20 minutos conter o vazamento da carga, iniciando a seguir o seu transbordo. Pela manhã fizeram a coleta de amostras da água para ver o grau de contaminação e seu risco. A princípio eles não constataram grande contaminação, sendo detectado um grau de acidez pouco superior ao encontrado no trecho do rio acima do acidente. Para os técnicos da empresa, o grau de acidez detectado já é além do normal neste ponto acima do local de vazamento do ácido, que julgam ser de águas contaminadas por despolpadores de café, que são lançadas no rio por produtores rurais na extensão de sua cabeceira.
Técnicos do SAAE-Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Manhuaçu estiveram no local para analisar a situação e o grau de risco para a população. “Estivemos no local e fizemos as primeiras análises e a partir daí, estamos efetuando o monitoramento da água em três pontos do rio, nas proximidades do Clube do Cavalo, na Vila Deolinda e no ponto onde é feita a captação, com o objetivo de impedir que o produto contaminado seja levado indevidamente para o consumo dos manhuaçuenses”, disse Héliton Bassoto, químico responsável da autarquia.
Este acidente aconteceu a menos de 5 km de outro acidente ocorrido em 25 de fevereiro deste ano, quando uma carreta carregada com o produto químico ortoxileno, um composto de metil-benzeno, saiu da pista no entroncamento das rodovias BR 262 e BR 116, em Realeza, provocando a paralização das duas rodovias por quase 30 horas, causando grandes transtornos na época.
No acidente ocorrido nesta noite, apesar da apreensão dos bombeiros, não foi preciso fazer a retenção da rodovia, por não se tratar de um produto inflamável.
Ácido Clorídrico
O ácido clorídrico é uma solução aquosa, fortemente ácida e extremamente corrosiva, devendo ser manuseado apenas com as devidas precauções. Ele é normalmente utilizado como reagente químico, e é um dos ácidos fortes que se ioniza completamente em solução aquosa. Em sua forma pura, ele é um gás, conhecido como cloreto de hidrogênio.
À temperatura ambiente, o cloreto de hidrogênio é um gás incolor a ligeiramente amarelado, corrosivo, não inflamável, mais pesado que o ar e de odor fortemente irritante. Quando exposto ao ar, o cloreto de hidrogênio forma vapores corrosivos de coloração branca.
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Nestas fotos é possível ver a proximidade do rio Manhuaçu (Fotos: E.C.Sette / PR) |
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