Presos promovem tumulto em cadeia de Manhumirim
Policiais Militares controlam o princípio de rebelião (Foto: Jaílton Pereira e Clayrton de Souza / Portal Caparaó) |
A confusão começou por volta de 11 horas da manhã. Do lado
de fora da cadeia, familiares aguardavam desde as 08h30 para a visita que
acontece nas quintas-feiras. No interior do presídio, os detentos ficaram
revoltados por causa da demora e a falta de explicações.
Segundo os guardas da cadeia e os agentes penitenciários não
foi possível dialogar com os detentos. Eles começaram a danificar as celas com
chutes e pancadas, atearam fogo em colchões, travesseiros e cobertores e
começaram a xingar e ameaçar policiais.
Familiares
Do lado de fora, a cena também era complicada. Familiares
ouviam a confusão e percebiam a movimentação policial. A irmã de um dos presos,
Isabel de Moura, falou em nome dos familiares e contou que havia dois presos
com tuberculose e não estariam recebendo tratamento adequado. “Falaram conosco
que iam fazer os exames em todos os detentos na segunda-feira, dia 02. Não
fizeram nada ainda. Queremos os exames de todos os presos para termos certeza
de que não há mais presos com tuberculose”, afirmou reclamando que agentes
penitenciários não explicam o que acontece e as autoridades não os atendem.
Além disso, o grupo reclamou de condições precárias de higiene da cadeia e da
superlotação.
O delegado Dr. Engel Rebouças explicou que a situação foi
totalmente controlada e que os casos dos presos doentes estão sendo
acompanhados. “O caso de tuberculose é de um preso com confirmação e o outro
que fez o exame quarta-feira. Eles estão isolados e estão sendo medicados
dentro do tratamento adequado. Agora serão transferidos para outra unidade com
mais condições de atendimento para o problema de saúde deles”, garantiu.
Atraso na visita
Dr. Engel Rebouças explicou que a rebelião dos presos foi
motivada pelo atraso na visita dos familiares. Manhumirim estava sem policial
ou agente penitenciaria femininas para fazerem as revistas nas mulheres que
queriam visitar seus parentes.
“Os presos fizeram o motim sem dar tempo de saber o que
estava acontecendo. Eu não tenho uma profissional para fazer a revista e,
portanto, não poderia liberar a entrada sem essas buscas. Tentei explicar isso
aos presos, mas eles se rebelaram sem nem esperar para saber o que estava
acontecendo. Já fiz um contato em Manhuaçu, foi designada uma agente e tudo já
está resolvido”, afirmou.
Segundo os policiais militares que fizeram as buscas depois
da rebelião, foram encontrados oito chuços (pedaços de ferro afiados nas celas
02, 06 e 07 e uma tesoura na cela 05). Vinte cinco detentos foram identificados
como envolvidos na rebelião e nos danos causados na cadeia.
Para o Promotor de Justiça. Dr. Fábio Santana, não havia
necessidade dos presos se rebelarem como fizeram. “Foram muito afoitos. Ninguém
ficou ferido e apenas foi feita uma varredura nas celas pela Polícia Militar
para verificar os danos e avaliar se não restaram objetos que pudessem ser
usados como armas”, afirmou.
Sobre a superlotação, ele lembrou que esse é um problema
generalizado e que não existe solução fácil. “É uma realidade de Manhumirim e
da maioria das unidades prisionais do estado. O mesmo que temos aqui é
verificado em Manhuaçu. Vemos um esforço do Estado, mas a criminalidade é alta
e faltam vagas. É um problema muito maior e bastante complicado”, resumiu.
Depois da rebelião, ficou definido que uma agente
penitenciária de Manhuaçu irá uma vez por semana em Manhumirim no dia das
visitas para fazer as revistas.
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Promotor de Justiça Fábio Santana (E) e o Delegado Engel Rebouças (Fotos: Jaílton Pereira e Clayrton de Souza / Portal Caparaó) |
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(Fotos: Jaílton Pereira e Clayrton de Souza / Portal Caparaó) |