Mapa da violência coloca Manhuaçu como campeã de mortes de jovens no trânsito
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Neste acidente, ocorrido no dia 18/07, o piloto não resistiu aos ferimentos e faleceu no local (Foto: E.C.Sette / Arquivo PR) |
Os acidentes de trânsito contribuem para as causas de mortes
de jovens em Minas e no país. Na última década, o salto foi de 39,9% no Estado.
A média nacional foi de 14,7%. Manhuaçu é a cidade mineira que mais vidas são
perdidas em colisões e outras ocorrências de tráfego. No ranking nacional, a
cidade é a 15ª do Brasil. A taxa é de 29,3 óbitos por grupos de 100 mil
habitantes com idade entre 0 e 19 anos.
O grande vilão para as mortes em Manhuaçu é conhecido da
população. A existência de duas perigosas rodovias federais cortando o
município: as BRs 262 e 116.
A dona de casa Maria do Carmo, 50 anos, não esquece o
trágico acidente numa curva da BR-262, entre Manhuaçu e Reduto, que custou a
vida de seu filho mais novo Renato do Carmo, 17 anos. O jovem estava na garupa
de uma moto que bateu em um cavalo. “Ele voltava de um jogo de futebol de
carona com um amigo. Estava escuro e, por isso, não devem ter visto o animal”,
lamenta.
No mês passado, um grupo de estudantes que todos os dias
percorre a BR-262 para estudar na Fadileste em Reduto fez um protesto cobrando
das autoridades mais segurança. “Queremos o fim da carnificina”, diz o policial
militar e estudante de Direito José Delôgo Júnior. “Cerca de 90% dos alunos de
faculdades precisam enfrentar essa estrada”, afirmou. Os protestos foram
motivados pela morte do colega de curso deles, o soldado Fabrício Leandro
Garcia, que morreu em um acidente perto de Martins Soares.
Apesar da eficiência do Corpo de Bombeiros, a fiscalização
da Polícia Rodoviária Federal e a boa estrutura da Unidade de Pronto
Atendimento e o Hospital César Leite, os números assustam. A cidade não passa
um dia sem atendimentos a feridos em acidentes nas rodovias.
Segundo o Secretário de Saúde de Manhuaçu, Dr. Luiz Prata,
acidentes com motos têm aumentado significativamente. “É um meio de transporte
barato. Temos verificado o aumento de atendimento a jovens com poli
traumatismos”, informou.
Manhuaçu é a 8ª em atendimentos pelo SUS
A violência contra crianças e jovens com 0 a 19 anos avança
e parece não dar sinais de trégua em Minas Gerais. Três cidades mineiras estão
entre os dez municípios brasileiros com maior número de atendimentos feitos
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para esta faixa etária, vítimas de agressões
diversas e de abuso sexual.
Manhuaçu aparece em oitavo lugar. Segundo os dados, em 2011,
foram 281,9 atendimentos para cada grupo de cem mil jovens de 0 a 19 anos. O
número leva em conta a proporção, já que o IBGE calcula que a população de
Manhuaçu nessa faixa etária é de 27.300 habitantes. A cidade de Lavras, no Sul
do estado, é a quinta no ranking nacional, seguida por Poços de Caldas. Ferraz
de Vasconcelos (SP) lidera as estatísticas.
Conforme o balanço, os casos de agressões se concentram na
residência das vítimas, principalmente para os que têm até 15 anos. Os estupros
representam 59% dos atendimentos de crianças e adolescentes vítimas de
violência sexual. Pais e padrastos são apontados como os principais suspeitos
pelos crimes.
Para o conselheiro tutelar de Lavras, João Paulo Santos, o
maior desafio é proteger crianças da influencia do tráfico de drogas. “Temos
problemas de agressões, de violências diversas, mas nada se equipara ao consumo
de crack”, lamenta.
A conselheira tutelar de Poços de Caldas, Lucimara Simões,
lamenta a incidência de casos de agressões a crianças no município e confirma
as ocorrências. O período de férias, segundo ela, é de apreensão, visto que a
maioria das crianças para mais tempo em casa. “O período de férias é de
multiplicação de ocorrências. Nesta semana, tivemos dois casos de mães que
saíram para trabalhar e deixaram crianças sozinhas”, diz.
Procurada a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado
de Defesa Social (SEDS) informou que, apesar do crescimento de 106% nas taxas
de assassinatos, entre jovens de 0 a 19 anos, Minas se mantém na 20ª posição no
ranking nacional. “Dessa forma, é o oitavo Estado com menor índice de jovens
assassinados no país”.
Conforme a SEDS, os dados divulgados serão analisados. Para
enfrentar o aumento, novos investimentos em programas e ações para prevenção da
criminalidade serão planejados.
Renato Fonseca / Daniel Antunes - Jornal Hoje em Dia