quinta-feira, 5 de agosto de 2010

MEC confirma vazamento de dados de quase 12 milhões de inscritos no Enem

(Foto: Reprodução)
O Ministério da Educação confirmou nesta quarta-feira (04) o vazamento de dados de 11,7 milhões de estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre 2007 e 2009. Informações como o nome completo do aluno, o número da inscrição, a carteira de identidade, o CPF e o nome completo da mãe do candidato ficaram com acesso livre na tarde de terça-feira (03).
De acordo com a nota publicada, os dados dos inscritos ficam armazenados em banco do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e são colocados em uma área reservada do site, liberada apenas para as instituições de ensino superior e secretarias de Educação que solicitarem as informações.
As instituições se comprometem a não divulgar os dados dos alunos e precisam de um nome do usuário e senha para ter acesso às informações. O acesso à área reservada do site do Inep está bloqueado e a direção do instituto informou que vai apurar as causas e as responsabilidades pelo vazamento dos dados.

Fragilidade no Sistema

A divulgação indevida dos dados ocorreu por uma “fragilidade no sistema”, de acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim Soares Neto. Segundo ele, o problema já foi corrigido e os dados já estão em sigilo.
As informações podiam ser acessados pelo site do Inep. Mas, de acordo com Neto, o acesso a esses dados é reservado às instituições de ensino que usam a nota do exame como critério de seleção e só podem ser consultados por meio de senha.
Mas, após o acesso à página com os dados de inscrição do candidato, o link pôde ser copiado e aberto em outros computadores sem a necessidade da senha. Segundo Neto, uma instituição deve ter repassado o link ao jornalista do Estado de S. Paulo. “Foi uma fragilidade no sistema de segurança porque você poderia ter acesso aos links sem ter a senha”, disse à Agência Brasil. De acordo com o presidente do instituto, seria impossível chegar a esses links sem acessar a área reservada e o problema já foi corrigido.

Dados podem ser utilizados em fraudes

O vazamento pode resultar em diferentes tipos de fraude. O advogado criminalista especializado em segurança de tecnologia, David Rechuslki, aponta que existe um mercado paralelo de compra desse tipo de informação.
“Muitas pessoas que têm o documento furtado têm problemas de crédito depois porque os dados foram utilizados para aquisição de telefones celulares, para abertura de crediário em lojas. Existe uma gama de possibilidades de utilização indevida desses dados por criminosos”, explica.
Segundo o advogado, as possibilidades de utilização dessas informações é ampla porque foram divulgados em conjunto CPF, RG e nome completo. “Você tem uma conjunção de informações que aglutinadas passam a ter uma potencialidade maior ”, avalia.
O especialista recomenda aos candidatos que procurem a polícia caso sejam vítima de algum tipo de crime em função do problema.“Qualquer pessoa que tome conhecimento que os dados dela foram utilizados para qualquer finalidade não autorizada deve imediatamente comunicar as autoridades policiais”, afirma.
Segundo Rechuslki, só cabe um pedido de indenização ao Estado se a vítima conseguir provar que as informações saíram do banco de dados do Inep, o que seria “dificílimo”.
O advogado não acredita que a falha tenha sido provocada intencionalmente, mas por uma imperícia. Ainda assim, ele classifica o erro como “gravíssimo”. “Hoje em dia, com a internet, todos os órgão e instituições que são guardiões de informações privilegiadas como essas devem ter um critério de armazenamento e de segurança absolutamente rígidos para que seja garantida a integridade e a privacidade das pessoas”, defende.

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