Expedição percorre o rio José Pedro da nascente à foz
Os expedicionários na nascente do rio José Pedro (Foto: Divulgação) |
Cerca de quarenta pessoas integraram a Expedição do Rio José
Pedro, entre os dias 17 e 21 de abril. Os dois principais objetivos da
atividade foram a realização de um diagnostico das condições do curso d’água e
o despertar das comunidades ribeirinhas para a importância de se preservar os
recursos hídricos.
As várias equipes que integraram a missão, coordenadas pelo
CBH Manhuaçu – Comitê de Bacia Hidrográfica Águas do Rio Manhuaçu – tiveram a
responsabilidade de percorrer o principal afluente do Rio Manhuaçu desde a sua
nascente, no Parque Nacional do Caparaó, até a sua foz, em Açarai, município de
Pocrane. Durante os cinco dias, foram promovidas ações diversas de educação
ambiental, de mobilização e de levantamentos técnicos e científicos dentro e
fora da calha do rio.
As informações preliminares foram colhidas e registradas por
meio de anotações, GPS, questionários, fotos e em vídeos. Após a expedição, os
coordenadores das equipes, juntamente com seus colaboradores, terão a tarefa de
interpretar e organizar os dados, reunindo todo o material em um relatório
final. O condensado desse trabalho será distribuído para os parceiros da
promoção e ficará arquivado na sede do CBH Manhuaçu. O primeiro diagnóstico
científico do Rio José Pedro representa um marco para a história do curso
d’água e também será disponibilizado para pesquisas futuras e até mesmo na
utilização de justificativas de projetos de revitalização do rio.
Planejamento
Os membros do CBH-Manhuaçu se reuniram no início da expedição (Foto: Divulgação) |
A ideia da descida do José Pedro vem sendo acalentada desde
a Expedição do Rio Manhuaçu, realizada em 2004. Mas a cobrança dos
representantes dos municípios que são banhados pelas suas águas foi
definitivamente aceita no CBH Manhuaçu no segundo semestre de 2011, em uma de
suas reuniões, em Aimorés. A proposta foi novamente pauta de dois outros
encontros do Comitê, um em São João do Manhuaçu, em dezembro passado, e outro
em Durandé, em fevereiro.
Uma série de reuniões de planejamento foi realizada pelos
diretores do CBH e seus parceiros para definir a forma de execução da missão.
No mês que antecedeu a ação, encontros de articulação e sensibilização também
foram promovidos com representantes das prefeituras, secretarias municipais de
Educação e escolas estaduais, nas cidades de Alto Jequitibá, Lajinha e Ipanema.
Assim foi captado o apoio técnico e logístico para os deslocamentos, hospedagem
e alimentação dos expedicionários, também para a confecção de materiais, como
camisas, canecas, faixas, bolsas e na realização dos eventos de recepção da
comitiva. As reuniões serviram ainda para estimular as instituições municipais
e estaduais de ensino a desenvolverem ações de conscientização e de pesquisa
sobre o Rio José Pedro, nas semanas que antecederam a Expedição e durante a sua
execução.
Aventura
A Expedição teve início na madrugada do dia 17, terça-feira,
com a subida de uma equipe ao Pico da Bandeira para identificar a nascente do
rio. O grupo foi integrado polos militares tenentes Jésus e Xerxes, sargento
Sandro e o soldado Leandro, os bombeiros militares sargento Cleber, cabo
Ewerton e soldado Morosini, o jornalista e secretário executivo do CBH Senisi
Rocha, o fotografo, Fernando Salomão, e os montanhistas Karone Marllus, do
Grupo Gênesis, de Mutum, e Marck Robert, da Secretaria Municipal de Agricultura
de Lajinha. Acreditava-se que a nascente mais alta do rio estivesse no meio do
caminho feito a pé até o Pico da Bandeira, nas proximidades da região
denominada Terreirão. Na escalada percebeu-se que neste local o curso d’água
era caudaloso e foi dado prosseguimento à subida. Depois de intensas buscas o
grupo conseguiu identificar o nascedouro, próximo ao cume do Pico da Bandeira.
No local, foram tiradas amostras de água para análise e retirada as coordenadas
geográficas. Uma placa alusiva a passagem dos expedicionários foi fixada em
umas das instalações de apoio no Terreirão. Futuramente, será instalado um
marco definitivo ao lado da nascente, lembrando a passagem da missão.
Cerimônia
Na manhã do segundo dia, os trabalhos foram reiniciados com
a chegada das equipes técnicas e de organização no Parque da Cachoeira das
Andorinhas, município de Alto Jequitibá. O local foi gentilmente cedido pelos
proprietários do complexo turístico. No início da tarde, foi promovida uma
reunião oficial do CBH Manhuaçu, que teve como principal assunto a apreciação do
PAP – Plano de Aplicação Plurianual do CBH, que define o cronograma de
desembolso de recursos federais e estaduais, para os próximos quatro anos. Foi
aprovada também a Deliberação Normativa que institui o PAP. Antes do
encaminhamento, o assunto havia sido estudado pela CTIL – Câmara Técnica
Institucional e Legal do Comitê.
A abertura oficial ocorreu em grande estilo. O pátio da
Cachoeira das Andorinhas foi carinhosamente ornamentado pelos servidores da
Secretaria Municipal de Educação de Alto Jequitibá. Personalidades de várias
instituições da região prestigiaram o acontecimento e muitos discursaram sobre
a relevância da Expedição do Rio José Pedro. O Hino Nacional, introduzindo a
cerimônia, foi seguido da exibição de registros fotográficos feitos nos encontros
de planejamento e também na missão de reconhecimento da Polícia Militar
Ambiental nas margens do rio que seria percorrido.
“Este trabalho de reconhecimento do José Pedro é muito
nobre. Parabéns a presidente Isaura Paixão e a todos que se dispuseram a realizar
esta tarefa tão árdua e gratificante” – declarou o Prefeito Ronaldo Lopes, de
Manhumirim, primeiro presidente do CBH Manhuaçu, em 2005. “Nós apoiamos esta
realização por acreditar na importância desse rio para a nossa região. Ele
nasce no pico mais importante do Brasil, pois os outros dois mais altos não são
acessíveis como é o da Bandeira, e merece um cuidado especial para ser
revitalizado ao longo do seu curso” – declarou o Prefeito Daniel Guimarães
Sathler, de Alto Jequitibá. O presidente do Sicoob Credicaf e diretor da
Coocafé, de Lajinha, João Noronha também destacou o apoio das instituições que
representa ao evento, como patrocinadoras, devido a sua importância.
Alunos das escolas Padre Geraldo Silva de Araújo, da cidade
de Manhumirim, e Lindolfo Moreira Bastos e José Ferreira da Silva, do Córrego
José Pedro, em Alto Jequitibá, por meio de brilhantes apresentações artísticas
alertaram os presentes sobre os cuidados com os recursos naturais. Os músicos
Farinhada, de Espera Feliz, Fernanda Soares, de São João do Manhuaçu, e da
cooperação musical Irmã Cecília, abrilhantaram o evento com lindas canções.
Após a abertura, uma primeira reunião de trabalho entre os
expedicionários serviu para as apresentações iniciais, distribuição de
materiais e estabelecimento das regras de convívio e das metas da missão. O
ambiente da Escola Municipal Lindolfo Moreira Bastos, durante todo o dia, foi
disponibilizado para a concentração da Expedição. O dia foi encerrado com uma
confraternização, regada a carne de javaporco e música ao vivo, na Pousada do
Rui, em Alto Caparaó.
Descida
Nas partes do médio e do baixo os sinais de degradação do rio são evidentes devido à intervenção humana, com a mineração, pecuária e cafeicultura (Foto: Divulgação) |
Uma carreata pela principal avenida da cidade de Alto
Caparaó abriu os trabalhos na manhã de quinta-feira. Todos se dirigiram para a
Escola Municipal Oracy Augusto da Fonseca, no Córrego Passa Fundo, em
Manhumirim, onde foram calorosamente recepcionados pelos alunos e servidores da
escola, além de membros da comunidade, que prepararam um farto e delicioso café
da manhã.
Durante toda a manhã, estudantes de inúmeras escolas lotaram
o centro da cidade de Lajinha para um belo ato público em defesa dos recursos
naturais e para celebrar a passagem da Expedição pelo município. Na cidade de
Durandé também houve uma passeada por estudantes que chamaram a atenção da
comunidade sobre nossa responsabilidade com o planeta.
A maior parte do grupo seguiu descendo paralelo ao rio com
destino à São João do Príncipe e Pequiá, município de Iúna, no Espírito Santo.
Na pausa para o almoço os participantes foram gentilmente recebidos na
residência de Dona Elvira Raposo, na divisa de Minas Gerais com o estado
capixaba, que fez questão de introduzir a refeição lendo um emocionante poema
retratando a história e a sua indignação com o tratamento depredatório dado ao
rio, que passa próximo à sua casa.
Na parte da tarde, a Expedição percorreu o município de
Lajinha, com paradas nos córregos Fama e Palmeiras, para visitas à escola e às
margens do rio por dezenas de alunos de educandários do município. Em Dores do
José Pedro, em Durandé, houve visita a uma estação fluviométrica e uma
carinhosa acolhida pela comunidade escolar, para um lanche.
Em São José do Mantimento, foram avaliados os impactos das
usinas hidrelétricas instaladas no município.
A noite foi marcada por apresentações artísticas, no centro
de Conceição de Ipanema, e por uma emocionante Missa celebrada na Igreja
Matriz, sob a coordenação do Padre Roberto Carlos.
O grupo ficou muito bem instalado nas dependências do salão
paroquial da Comunidade Católica.
Os barcos
No dia seguinte, todas as escolas municipais surpreenderam o
público com uma magnifica exposição de trabalhos realizados por meio do projeto
“Abraçando o Rio José Pedro”, concebido pelo secretário municipal de Educação,
José Aristide Gamito, e sua equipe. Aristides foi o responsável pela elaboração
da mascote que simbolizou a empreitada, o desenho de uma capivara. A sede da
Secretaria Municipal de Educação foi tomada por trabalhos que impressionaram
pela criatividade e profundidade que os alunos e educadores deram ao tema. “Nós
fizemos o possível para receber bem os expedicionários, que nos fizeram
repensar nossa responsabilidade com a preservação dos recursos naturais” –
afirmou o Prefeito Willfried Saar.
Uma grande concentração de populares se formou na ponte da
chegada da cidade para acompanhar o início da descida dos barcos. Os
responsáveis por esta função se depararam com talvez um dos maiores problemas
do rio, o assoreamento. O trajeto até a cidade de Ipanema foi complicado devido
a pequena profundidade das águas. O problema foi percebido em outros trechos da
missão, diminuindo o percurso previsto de navegação.
O Prefeito Júlio Fontoura, membros do seu governo e
estudantes, recepcionaram o grupo com apresentações artísticas e exposições de
trabalhos, no centro da cidade de Ipanema. O almoço, oferecido pela Prefeitura,
foi servido na sede da AABB.
A recepção em Taparuba foi feita por um grupo de alunos,
educadores e o Prefeito Luiz Bonifácio da Silva. Todos foram conduzidos à
quadra de esportes da cidade para uma encenação artística e apreciação de
trabalhos produzidos pela Escola Municipal José Horácio Pereira Sobrinho, onde
foi servido um lanche.
Ao anoitecer, o grupo se instalou em uma aconchegante fazenda
em Centenário, município de Mutum, de propriedade do Dr. Jorge. O Prefeito
Gentil Simões e seus assessores preparam um belo jantar e uma animada festa
para celebrar a passagem dos expedicionários, que se confraternizaram em clima
de despedida da missão.
Após um farto café da manhã, os grupos se dividiram em suas
atividades rumo a Açarai, distrito de Pocrane, onde está localizada a foz do
Rio José Pedro. Juntaram-se aos barcos da PM caiaques do Grupo Gênesis, de
Mutum, para navegarem o trecho final do curso.
A equipe do Prefeito Eustáquio Diones, juntamente com os
servidores da Escola Estadual Domingos Carellos, se uniram para oferecer um
delicioso churrasco e realizar uma linda festa, com números artísticos dignos
de um desfecho que mereciam os participantes da Expedição.
Parcerias
As equipes responsáveis pelos levantamentos técnicos e de
educação ambiental visitaram várias escolas e buscaram seguir nas margens do
curso d’água e até no seu interior, para a coleta de dados. Entre as
instituições de ensino que colaboraram com esse trabalho estiveram a UNIVERTIX,
a Unopar/CEM e a FACIG.
Além do apoio das prefeituras, de outras instituições e até
de voluntários, aos expedicionários quando da passagem nos municípios banhados
pelo Rio José Pedro, outros integrantes do Comitê fizeram questão de colaborar
com o sucesso do trabalho, como as prefeituras de Luisburgo, São João do
Manhuaçu e Manhuaçu. O IBIO – Instituto BioAtlântica, que atua como agência de
cobrança em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Doce, e o Plancel também
contribuíram com a iniciativa.
A Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros foram
importantíssimos parceiros em todos os momentos da realização, garantindo a
segurança das pessoas. A direção do Parque Nacional do Caparaó hospedou parte
da equipe e ainda facilitou o acesso dos descobridores da nascente. As análises
das amostras de água colhidas em vários pontos do rio serão feitas
graciosamente pelo Laboratório Água Limpa, de Manhuaçu.
Em todos os municípios por onde passou a comitiva a Polícia
Militar Ambiental deixou mudas de árvores nativas doadas pelo IEF – Instituto
Estadual de Florestas. Algumas foram plantadas durante a expedição e
identificadas com a marca da atividade.
A foz do Rio José Pedro, na divisa dos municípios de Pocrane, Aimorés e Santa Rita do Itueta (Foto: Divulgação) |
Com informações de Senisi Rocha e imagens de Fernando
Salomão e expedicionários
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