quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Crack é a principal causa do aumento da violência no interior de Minas

(Imagem: Reprodução)
João Monlevade, a 105 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central do Estado, registrou neste ano 12 assassinatos, quatro a mais em relação a todo o ano de 2009. Levantamento feito pelo Ministério da Justiça, com o perfil da população carcerária do Brasil, revela que a quantidade de pessoas presas do interior de Minas subiu de janeiro a junho deste ano 16,1%.
O Estado só perde para o Rio de Janeiro, onde o crescimento de pessoas do interior que foram para trás das grades foi de 28,6%. Na área rural de Minas, houve um acréscimo de 20,1% entre os moradores destas pequenas localidades que cometeram crimes e foram presos. Em 2009, eram 1.178 pessoas atrás das grades, chegando a 1.415 em junho deste ano.
Os estados que mais registraram aumento de presos das comunidades rurais foram Bahia (31,4%) e Pernambuco (29,1%). Na opinião do advogado criminalista Paulo Mendonça Aguiar, 42 anos, o avanço do crack nas cidades do interior e na área rural é a principal causa do aumento da violência, e consequentemente das prisões de pessoas destas localidades.
No exemplo do especialista se encaixa perfeitamente o município de João Monlevade, com 72 mil habitantes. Até 1997, antes da entrada do crack, registrava quatro crimes em média por ano. Em 2008, a cidade teve 22 pessoas assassinadas.
Para o diretor jurídico do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, delegado Cristiano Xavier, a carência de efetivo da polícia no interior contribui para o aumento da violência. Dos 853 municípios de Minas Gerais, mais da metade (430) não possui delegado. Com um salário inicial de R$ 5.714,35, o quarto pior do Brasil, os titulares das delegacias, que deveriam investigar os crimes, estão abandonando os cargos.
Dos 166 policiais que pediram exoneração da função em 2008, 27 eram delegados da Polícia Civil de Minas. Segundo Xavier, a Secretaria de Estado de Defesa Social vem fazendo várias ações que estão ajudando a reduzir a criminalidade, como vem ocorrendo em Santa Luzia, onde é delegado. “Minas Gerais tem 106 áreas consideradas violentas, mas é preciso aumentar o efetivo e equipar melhor a polícia”, defendeu.
Com o reforço do trabalho da polícia para combater a violência, Minas Gerais registrou aumento de 5,7% no número de pessoas presas. Até o final de 2009, o Estado tinha 46.447 detentos, número que passou para 49.137 em junho deste ano. Na Bahia, a população carcerária aumentou 18,3%, e em Pernambuco 9,7%. Segundo o Ministério da Justiça, no Brasil são 494.237 pessoas em penitenciárias e cadeias, 4,3% a mais em relação ao ano passado.
Minas Gerais só perde para São Paulo no número de presos, com 169.915. O Estado registrou aumento de 1,8% na população carcerária. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, houve aumento 15,5% na quantidade de presos, passando de 53.257, número de 2009, para 54.819 no primeiro semestre de 2010.
O número de presos das cidades polos de Minas, incluindo a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), aumentou 6,6% neste ano em relação a 2009. Segundo a Polícia Civil, o mapeamento das áreas violentas, com a identificação dos autores dos homicídios, está contribuindo para a quantidade de mandados de prisões expedidos pela Justiça. No ano passado, Minas tinha 27.788 pessoas das cidades polos e da RMBH nas prisões, e no primeiro semestre de 2010 já são 29.664.

Fonte: Hoje em Dia online

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