quinta-feira, 12 de maio de 2011

Medo de derrota faz Governo adiar votação do Código Florestal

(Foto: Agência Brasil)
Receoso de sofrer a primeira derrota no Congresso desde o início do mandato de Dilma Rousseff, o governo desistiu de votar ontem a reforma do Código Florestal no plenário da Câmara.
Atendendo a requerimento dos líderes do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do PT Paulo Teixeira (SP), a Câmara dos Deputados adiou mais uma vez a votação do novo Código Florestal. O requerimento foi apresentado após os líderes confirmarem o acordo para a votação na madrugada desta quinta-feira (12).
O motivo para o requerimento, segundo Paulo Teixeira, se deve ao fato do texto apresentado em plenário pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) não ser o acordado com os líderes da base governista. “Não vamos votar o código no escuro”, disse Cândido Vaccarezza. O líder do governo justificou a decisão de pedir o adiamento por temer o risco de perder a votação da emenda da oposição. Segundo ele, a melhor saída, então, foi entrar com o requerimento pedindo o adiamento e, assim, também permitir que a base aliada tenha mais tempo para conhecer melhor o texto do relator que só foi apresentado já na sessão de votação. “Durante o processo de votação, eu verifiquei um movimento no plenário, que alguns deputados articulados com o desejo da oposição de derrotar o governo, ia desfigurar o texto base apresentado pelo Aldo. Diante disso, nós resolvemos pedir o adiamento da votação", disse Vaccarezza.
O relator Aldo Rebelo interpretou a decisão de adiamento em razão da própria complexidade da matéria e, também, pela dificuldade de construir uma alternativa que seja do agrado de todos. Ele negou que tenha feita qualquer alteração no texto acordado com o governo, conforme manifestou o líder do PT.

Bate-boca entre parlamentares

Além do medo de sofrer uma derrota, outra razão para o novo adiamento foi a acusação do PT de que o texto apresentado em plenário pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) era diferente do documento acordado pouco antes do início da sessão. Ao se defender, o relator subiu o tom do discurso e negou qualquer modificação sem aval dos líderes partidários. Aldo acusou a ex-senadora Marina Silva (PV) de ter dito pelo twitter que ele fraudou o texto. Irritado, Aldo rebateu: "A fala infeliz do deputado Paulo Teixeira (de que Aldo havia alterado o texto em relação ao acordo) deu razão para a ex-senadora Marina Silva, que postou em seu Twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou, quem contrabandeou madeira, foi o marido da senadora." Ele disse ainda que teria impedido, quando líder do governo, que o marido da ex-senadora tivesse que prestar depoimento em CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) tentou interromper Aldo e o chamou de "canalha, traidor". Ao final de sua fala, Aldo foi aplaudido e os deputados gritaram seu nome. Com os ânimos exaltados, o governo esvaziou o plenário e a sessão foi encerrada.
Marina estava no meio do plenário acompanhando a votação --vestida de preto. Após a confusão, a única mensagem de Marina no micro blog sobre o texto de Aldo dizia que ele tinha apresentado um novo texto com pegadinhas. Antes da confusão, ela tinha classificado o relatório de muito ruim.

Crise na base aliada

A votação também gerou uma crise entre PT e PMDB, os dois principais partidos da base aliada. Os petistas achavam que parte dos peemedebistas, principalmente os integrantes da bancada ruralista, iria votar com a oposição. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, chegou a criticar o governo e disse que não vota mais nada até ocorrer uma definição sobre o Código Florestal. A expectativa é que o texto seja votado na próxima semana.
Segundo o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), o governo decidiu suspender a votação porque precisava de mais tempo para "convencer" os deputados e porque sentiu que havia um movimento entre os deputados, até da base aliada, para descumprir o acordo fechado com o Planalto sobre as APPs o que iria desconfigurar o texto. "Não vamos para votação no escuro sem ter a certeza de que o Brasil vai ganhar", afirmou.

Veja AQUI a íntegra do projeto de Lei do Novo Código Florestal

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