sexta-feira, 13 de maio de 2011

Justiça ouve policiais sobre morte de pedreiro

(Foto: Reprodução)
Durou mais de 10 horas o interrogatório das testemunhas de defesa, acusação e dos dois policiais, que foram acusados de tortura e lesão corporal seguida de morte. A audiência de instrução do processo foi para esclarecer a morte do pedreiro Expedido Alves de Oliveira, 45 anos, ocorrida na madrugada do dia 03 de janeiro. Os depoimentos tiveram início às 13h30minh e encerrou aos 00h30minminutos de quarta-feira (11).
Durante toda a tarde, o Fórum Desembargador Alonso Starling ficou movimentado de familiares e amigos da vítima, que até hoje não conseguem entender tamanha crueldade. Para demonstrar a revolta e a dor, membros da família Alves ficaram com faixas em frente ao fórum. Uma das faixas expressava o sentimento dos familiares: “o mundo está cheio de pessoas só com maldade, mas, também dos que permitem que se faça a maldade”.
Ao ver os acusados pela morte do pedreiro, parentes ficaram revoltados e tiveram de serem contidos. A reportagem conversou com a irmã do pedreiro, que foi covardemente espancado na noite, em Simonésia. Nádia Sabrina de Souza Alves diz que a sensação foi horrível ao ver as pessoas que cometeram um ato tão covarde. ”Queremos que sejam julgados como qualquer ser humano, que comete uma barbárie. A gente quer justiça, pois, a única certeza que tenho é que meu irmão está morto e, não retornará”, desabafa Nádia Sabrina. Segundo ela, a população de Simonésia continua abalada e entristecida ao lembrar o caso.

Interrogatório fortalece convicção do MPE

Com muito equilíbrio e imparcialidade, o juiz da Vara Criminal, Dr. Walteir José da Silva ouviu seis testemunhas arroladas pela acusação, nove testemunhas de defesa, além dos dois policiais militares, que realizaram a abordagem em uma motocicleta que estava sendo pilotada por Jean Carlos de Souza, 22. O rapaz estava sem habilitação e documentos. O fato de a moto pertencer ao pedreiro, que foi preso pelos policiais militares, Cabo Zinis e Soldado Isaac de Assis. Durante a condução para a 6ª Delegacia de Polícia Civil, houve duas paradas. O pedreiro Expedito Alves de Oliveira, ao chegar a Manhuaçu acabou falecendo na porta da Delegacia.


Familiares acompanharam a audiência e manifestaram seus pedidos de justiça

O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra os dois policiais por tortura, e lesões graves seguida de morte. O Promotor de Justiça responsável pelo caso, Dr. Bruno de Lanna disse que em momento algum os réus negaram que não tiveram contato com a vítima. De acordo com o promotor de justiça, agora estará confrontando todos os depoimentos, inclusive dos acusados. “O Ministério Público, como órgão acusador e titular da ação penal estará fazendo as alegações finais, para apresentar ao juiz a eventual conduta dos acusados ao resultado morte, e, se houve ou não o dolo de se torturar e matar a vítima”, afirma Dr. Bruno de Lanna.
Já o advogado Laerte Hosken, que defende o Cabo Zinis acredita que houve uma fatalidade. Segundo o advogado, durante depoimento o policial explicou que não praticou tortura contra o pedreiro Expedito Alves. O advogado do Soldado Isaac de Assis saiu rapidamente, sem falar com a imprensa.
Em entrevista à reportagem, o juiz da Vara Criminal, Dr. Walteir José da Silva disse que o MPE terá dois dias para fazer as alegações finais para cada réu, bem como para os defensores dos acusados. Segundo o magistrado, no prazo de dez dias o processo retornará às suas mãos, para que seja dada a decisão sobre o caso.
De acordo com o juiz Walteir José da Silva, o processo é complexo e exige todo um cuidado para formar a convicção do fato. Segundo ele, os depoimentos foram contundentes e há provas robustas que fortalecem a denúncia do MPE. “Fico chocado, pois, a gente espera da polícia é um trabalho adequado. Quando temos que julgar um policial acusado de tortura, é muito complicado, mas vamos julgar de acordo com a lei”, ressalta o magistrado.

Com informações de Eduardo Satil e Jaílton Pereira para o Portal Caparaó

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