quinta-feira, 26 de abril de 2012

Expedição percorre o rio José Pedro da nascente à foz


Os expedicionários na nascente do rio José Pedro
(Foto: Divulgação)

Cerca de quarenta pessoas integraram a Expedição do Rio José Pedro, entre os dias 17 e 21 de abril. Os dois principais objetivos da atividade foram a realização de um diagnostico das condições do curso d’água e o despertar das comunidades ribeirinhas para a importância de se preservar os recursos hídricos.
As várias equipes que integraram a missão, coordenadas pelo CBH Manhuaçu – Comitê de Bacia Hidrográfica Águas do Rio Manhuaçu – tiveram a responsabilidade de percorrer o principal afluente do Rio Manhuaçu desde a sua nascente, no Parque Nacional do Caparaó, até a sua foz, em Açarai, município de Pocrane. Durante os cinco dias, foram promovidas ações diversas de educação ambiental, de mobilização e de levantamentos técnicos e científicos dentro e fora da calha do rio.
As informações preliminares foram colhidas e registradas por meio de anotações, GPS, questionários, fotos e em vídeos. Após a expedição, os coordenadores das equipes, juntamente com seus colaboradores, terão a tarefa de interpretar e organizar os dados, reunindo todo o material em um relatório final. O condensado desse trabalho será distribuído para os parceiros da promoção e ficará arquivado na sede do CBH Manhuaçu. O primeiro diagnóstico científico do Rio José Pedro representa um marco para a história do curso d’água e também será disponibilizado para pesquisas futuras e até mesmo na utilização de justificativas de projetos de revitalização do rio.

Planejamento

Os membros do CBH-Manhuaçu se reuniram no início da expedição
(Foto: Divulgação)
A ideia da descida do José Pedro vem sendo acalentada desde a Expedição do Rio Manhuaçu, realizada em 2004. Mas a cobrança dos representantes dos municípios que são banhados pelas suas águas foi definitivamente aceita no CBH Manhuaçu no segundo semestre de 2011, em uma de suas reuniões, em Aimorés. A proposta foi novamente pauta de dois outros encontros do Comitê, um em São João do Manhuaçu, em dezembro passado, e outro em Durandé, em fevereiro.
Uma série de reuniões de planejamento foi realizada pelos diretores do CBH e seus parceiros para definir a forma de execução da missão. No mês que antecedeu a ação, encontros de articulação e sensibilização também foram promovidos com representantes das prefeituras, secretarias municipais de Educação e escolas estaduais, nas cidades de Alto Jequitibá, Lajinha e Ipanema. Assim foi captado o apoio técnico e logístico para os deslocamentos, hospedagem e alimentação dos expedicionários, também para a confecção de materiais, como camisas, canecas, faixas, bolsas e na realização dos eventos de recepção da comitiva. As reuniões serviram ainda para estimular as instituições municipais e estaduais de ensino a desenvolverem ações de conscientização e de pesquisa sobre o Rio José Pedro, nas semanas que antecederam a Expedição e durante a sua execução.

Aventura

A Expedição teve início na madrugada do dia 17, terça-feira, com a subida de uma equipe ao Pico da Bandeira para identificar a nascente do rio. O grupo foi integrado polos militares tenentes Jésus e Xerxes, sargento Sandro e o soldado Leandro, os bombeiros militares sargento Cleber, cabo Ewerton e soldado Morosini, o jornalista e secretário executivo do CBH Senisi Rocha, o fotografo, Fernando Salomão, e os montanhistas Karone Marllus, do Grupo Gênesis, de Mutum, e Marck Robert, da Secretaria Municipal de Agricultura de Lajinha. Acreditava-se que a nascente mais alta do rio estivesse no meio do caminho feito a pé até o Pico da Bandeira, nas proximidades da região denominada Terreirão. Na escalada percebeu-se que neste local o curso d’água era caudaloso e foi dado prosseguimento à subida. Depois de intensas buscas o grupo conseguiu identificar o nascedouro, próximo ao cume do Pico da Bandeira. No local, foram tiradas amostras de água para análise e retirada as coordenadas geográficas. Uma placa alusiva a passagem dos expedicionários foi fixada em umas das instalações de apoio no Terreirão. Futuramente, será instalado um marco definitivo ao lado da nascente, lembrando a passagem da missão.

Cerimônia

Na manhã do segundo dia, os trabalhos foram reiniciados com a chegada das equipes técnicas e de organização no Parque da Cachoeira das Andorinhas, município de Alto Jequitibá. O local foi gentilmente cedido pelos proprietários do complexo turístico. No início da tarde, foi promovida uma reunião oficial do CBH Manhuaçu, que teve como principal assunto a apreciação do PAP – Plano de Aplicação Plurianual do CBH, que define o cronograma de desembolso de recursos federais e estaduais, para os próximos quatro anos. Foi aprovada também a Deliberação Normativa que institui o PAP. Antes do encaminhamento, o assunto havia sido estudado pela CTIL – Câmara Técnica Institucional e Legal do Comitê.
A abertura oficial ocorreu em grande estilo. O pátio da Cachoeira das Andorinhas foi carinhosamente ornamentado pelos servidores da Secretaria Municipal de Educação de Alto Jequitibá. Personalidades de várias instituições da região prestigiaram o acontecimento e muitos discursaram sobre a relevância da Expedição do Rio José Pedro. O Hino Nacional, introduzindo a cerimônia, foi seguido da exibição de registros fotográficos feitos nos encontros de planejamento e também na missão de reconhecimento da Polícia Militar Ambiental nas margens do rio que seria percorrido.
“Este trabalho de reconhecimento do José Pedro é muito nobre. Parabéns a presidente Isaura Paixão e a todos que se dispuseram a realizar esta tarefa tão árdua e gratificante” – declarou o Prefeito Ronaldo Lopes, de Manhumirim, primeiro presidente do CBH Manhuaçu, em 2005. “Nós apoiamos esta realização por acreditar na importância desse rio para a nossa região. Ele nasce no pico mais importante do Brasil, pois os outros dois mais altos não são acessíveis como é o da Bandeira, e merece um cuidado especial para ser revitalizado ao longo do seu curso” – declarou o Prefeito Daniel Guimarães Sathler, de Alto Jequitibá. O presidente do Sicoob Credicaf e diretor da Coocafé, de Lajinha, João Noronha também destacou o apoio das instituições que representa ao evento, como patrocinadoras, devido a sua importância.
Alunos das escolas Padre Geraldo Silva de Araújo, da cidade de Manhumirim, e Lindolfo Moreira Bastos e José Ferreira da Silva, do Córrego José Pedro, em Alto Jequitibá, por meio de brilhantes apresentações artísticas alertaram os presentes sobre os cuidados com os recursos naturais. Os músicos Farinhada, de Espera Feliz, Fernanda Soares, de São João do Manhuaçu, e da cooperação musical Irmã Cecília, abrilhantaram o evento com lindas canções.
Após a abertura, uma primeira reunião de trabalho entre os expedicionários serviu para as apresentações iniciais, distribuição de materiais e estabelecimento das regras de convívio e das metas da missão. O ambiente da Escola Municipal Lindolfo Moreira Bastos, durante todo o dia, foi disponibilizado para a concentração da Expedição. O dia foi encerrado com uma confraternização, regada a carne de javaporco e música ao vivo, na Pousada do Rui, em Alto Caparaó.

Descida

Nas partes do médio e do baixo os sinais de degradação do rio são evidentes devido à intervenção
humana, com a mineração, pecuária e cafeicultura
(Foto: Divulgação)
Uma carreata pela principal avenida da cidade de Alto Caparaó abriu os trabalhos na manhã de quinta-feira. Todos se dirigiram para a Escola Municipal Oracy Augusto da Fonseca, no Córrego Passa Fundo, em Manhumirim, onde foram calorosamente recepcionados pelos alunos e servidores da escola, além de membros da comunidade, que prepararam um farto e delicioso café da manhã.
Durante toda a manhã, estudantes de inúmeras escolas lotaram o centro da cidade de Lajinha para um belo ato público em defesa dos recursos naturais e para celebrar a passagem da Expedição pelo município. Na cidade de Durandé também houve uma passeada por estudantes que chamaram a atenção da comunidade sobre nossa responsabilidade com o planeta.
A maior parte do grupo seguiu descendo paralelo ao rio com destino à São João do Príncipe e Pequiá, município de Iúna, no Espírito Santo. Na pausa para o almoço os participantes foram gentilmente recebidos na residência de Dona Elvira Raposo, na divisa de Minas Gerais com o estado capixaba, que fez questão de introduzir a refeição lendo um emocionante poema retratando a história e a sua indignação com o tratamento depredatório dado ao rio, que passa próximo à sua casa.
Na parte da tarde, a Expedição percorreu o município de Lajinha, com paradas nos córregos Fama e Palmeiras, para visitas à escola e às margens do rio por dezenas de alunos de educandários do município. Em Dores do José Pedro, em Durandé, houve visita a uma estação fluviométrica e uma carinhosa acolhida pela comunidade escolar, para um lanche.
Em São José do Mantimento, foram avaliados os impactos das usinas hidrelétricas instaladas no município.
A noite foi marcada por apresentações artísticas, no centro de Conceição de Ipanema, e por uma emocionante Missa celebrada na Igreja Matriz, sob a coordenação do Padre Roberto Carlos.
O grupo ficou muito bem instalado nas dependências do salão paroquial da Comunidade Católica.

Os barcos

No dia seguinte, todas as escolas municipais surpreenderam o público com uma magnifica exposição de trabalhos realizados por meio do projeto “Abraçando o Rio José Pedro”, concebido pelo secretário municipal de Educação, José Aristide Gamito, e sua equipe. Aristides foi o responsável pela elaboração da mascote que simbolizou a empreitada, o desenho de uma capivara. A sede da Secretaria Municipal de Educação foi tomada por trabalhos que impressionaram pela criatividade e profundidade que os alunos e educadores deram ao tema. “Nós fizemos o possível para receber bem os expedicionários, que nos fizeram repensar nossa responsabilidade com a preservação dos recursos naturais” – afirmou o Prefeito Willfried Saar.
Uma grande concentração de populares se formou na ponte da chegada da cidade para acompanhar o início da descida dos barcos. Os responsáveis por esta função se depararam com talvez um dos maiores problemas do rio, o assoreamento. O trajeto até a cidade de Ipanema foi complicado devido a pequena profundidade das águas. O problema foi percebido em outros trechos da missão, diminuindo o percurso previsto de navegação.
O Prefeito Júlio Fontoura, membros do seu governo e estudantes, recepcionaram o grupo com apresentações artísticas e exposições de trabalhos, no centro da cidade de Ipanema. O almoço, oferecido pela Prefeitura, foi servido na sede da AABB.
A recepção em Taparuba foi feita por um grupo de alunos, educadores e o Prefeito Luiz Bonifácio da Silva. Todos foram conduzidos à quadra de esportes da cidade para uma encenação artística e apreciação de trabalhos produzidos pela Escola Municipal José Horácio Pereira Sobrinho, onde foi servido um lanche.
Ao anoitecer, o grupo se instalou em uma aconchegante fazenda em Centenário, município de Mutum, de propriedade do Dr. Jorge. O Prefeito Gentil Simões e seus assessores preparam um belo jantar e uma animada festa para celebrar a passagem dos expedicionários, que se confraternizaram em clima de despedida da missão.
Após um farto café da manhã, os grupos se dividiram em suas atividades rumo a Açarai, distrito de Pocrane, onde está localizada a foz do Rio José Pedro. Juntaram-se aos barcos da PM caiaques do Grupo Gênesis, de Mutum, para navegarem o trecho final do curso.
A equipe do Prefeito Eustáquio Diones, juntamente com os servidores da Escola Estadual Domingos Carellos, se uniram para oferecer um delicioso churrasco e realizar uma linda festa, com números artísticos dignos de um desfecho que mereciam os participantes da Expedição.

Parcerias

As equipes responsáveis pelos levantamentos técnicos e de educação ambiental visitaram várias escolas e buscaram seguir nas margens do curso d’água e até no seu interior, para a coleta de dados. Entre as instituições de ensino que colaboraram com esse trabalho estiveram a UNIVERTIX, a Unopar/CEM e a FACIG.
Além do apoio das prefeituras, de outras instituições e até de voluntários, aos expedicionários quando da passagem nos municípios banhados pelo Rio José Pedro, outros integrantes do Comitê fizeram questão de colaborar com o sucesso do trabalho, como as prefeituras de Luisburgo, São João do Manhuaçu e Manhuaçu. O IBIO – Instituto BioAtlântica, que atua como agência de cobrança em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Doce, e o Plancel também contribuíram com a iniciativa.
A Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros foram importantíssimos parceiros em todos os momentos da realização, garantindo a segurança das pessoas. A direção do Parque Nacional do Caparaó hospedou parte da equipe e ainda facilitou o acesso dos descobridores da nascente. As análises das amostras de água colhidas em vários pontos do rio serão feitas graciosamente pelo Laboratório Água Limpa, de Manhuaçu.
Em todos os municípios por onde passou a comitiva a Polícia Militar Ambiental deixou mudas de árvores nativas doadas pelo IEF – Instituto Estadual de Florestas. Algumas foram plantadas durante a expedição e identificadas com a marca da atividade.
A foz do Rio José Pedro, na divisa dos municípios de Pocrane, Aimorés e Santa Rita do Itueta
(Foto: Divulgação)
Com informações de Senisi Rocha e imagens de Fernando Salomão e expedicionários
portalrealeza@portalrealeza.com

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