Manhuaçu: Com quase 90 mil habitantes, cidade carece de uma Secretaria de Cultura
Centro Cultural de Manhuaçu (Foto: Reprodução) |
Manhuaçu - Recentemente a cidade acompanhou as homenagens e comemorações do 117º aniversário da ‘República Manhuassú’. Ao longo do mês de maio houve diversas manifestações sobre o assunto. Palestras, exposições, concursos de redação e até mesmo um selo que será lançado neste mês de junho ficaram dentro do cronograma da Prefeitura Municipal de Manhuaçu.
O atual governo municipal empunhou esta bandeira, motivado pelo retorno que este acontecimento histórico para o nosso município poderá trazer com o turismo cultural em um futuro próximo.
Somando-se a isso, a gestão atual deseja abocanhar uma fatia maior do ICMS Cultural, que é um benefício concedido aos cofres públicos municipais, previsto pela Lei Estadual 18.030/09, que dispõe sobre a distribuição da parcela da receita do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios, conhecido como “ICMS Patrimônio Cultural”.
Toda cidade que possui uma história rica como é o caso de Manhuaçu, deve valorizar os acontecimentos de seu passado. E para isso torna-se necessário possuir uma secretaria de cultura capaz de criar ou incentivar a criação de projetos culturais e colocar em prática ou administrar a condução destes projetos. E na gestão desta pasta de cultura devem estar pessoas técnicas com credenciais capazes de atrair benefícios culturais para toda a população.
Mas Manhuaçu, ao contrário de muitas cidades menores que integram a sua microrregião, insiste em manter a Cultura administrada apenas por um departamento. Ao invés de secretário, a cidade polo da região mantém um diretor de Cultura. Acontece que a diferença entre uma secretaria e um departamento é imensa, sendo o segundo nada mais do que um órgão vinculado ao primeiro. E esta diferença é capaz de determinar a seriedade que uma gestão municipal dá à determinada pasta.
E no caso da Cultura em Manhuaçu, a atual Administração Municipal prova que não está tão comprometida assim com esta questão, como pretende fazer transparecer.
O Departamento de Cultura de Manhuaçu está diretamente vinculado à Secretaria Municipal de Agricultura, ficando difícil saber onde estes dois órgãos possuem compatibilidades para que um seja vinculado ao outro. Isso mostra apenas o quanto a Cultura tem sido importante para a atual gestão municipal.
Existe também a questão da indicação de um profissional do setor cultural para assumir esta pasta.
Lauro de Moraes, presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Manhuaçu (Foto: E. C. Sette / TEMPO+) |
Tendo a Cultura de Manhuaçu o status de departamento, com um salário específico para um diretor, será difícil para o governo encontrar alguém com credenciais nesta área para aceitar o cargo. Este comprometimento profissional é um ponto destacado por Lauro de Moraes, presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Manhuaçu.
“Se o governo municipal pretende indicar um profissional da área para comandar esta pasta como diretor, ficaria economicamente inviável para esta pessoa se comprometer com as responsabilidades que lhes são pertinentes. Quando uma pessoa que tem uma carreira consolidada, um trabalho reconhecido pela comunidade como técnico em uma determinada área vai aceitar um cargo onde ganharia menos do que ele recebe em sua profissão? O profissional tem que ser remunerado de acordo com a qualificação dele, até mesmo para ser cobrada metas de seu desempenho frente a uma determinada pasta. Este é o caso da Cultura em Manhuaçu. Enquanto ela for subordinada a um departamento, dificilmente os administradores encontrarão pessoas que possam desempenhar um trabalho que esta pasta exige”, apontou Lauro de Moraes.
Sebastião Januário de Moraes, diretor de Cultura de Manhuaçu (Foto: E. C. Sette / TEMPO+) |
O atual diretor do Departamento de Cultura de Manhuaçu é o radialista Sebastião Januário de Moraes, conhecido na região como S. J. de Moraes. Apesar de entender que um simples departamento possui menor visibilidade que uma secretaria, principalmente quando vai à Capital do Estado buscar parcerias, ele destaca as inúmeras realizações nestes primeiros meses frente á pasta.
“O Departamento de Cultura de Manhuaçu desenvolveu várias ações nestes primeiros meses de 2013. Entre as muitas ações, tivemos o Painel Cafeicultura, quando iniciamos as comemorações sobre a ‘República Manhuassú’, nos baseando no livro ‘A República do Silêncio’ do professor Flávio Mateus dos Santos. Este painel contou com aproximadamente 80 pensadores culturais e dali surgiu a ideia da inserção deste acontecimento histórico no currículo escolar. Em seguida tivemos quatro eventos vinculados com a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais”, destacou o diretor de Cultura.
Apesar destas realizações, Sebastião Januário reconhece as limitações que um departamento tem para alavancar novas parcerias na área cultural para Manhuaçu. “Por ser uma cidade polo, com uma população de mais de 80 mil habitantes, possuir apenas um departamento faz com que Manhuaçu fique muito limitado. Penso que os gestores municipais precisam repensar a questão da criação da Secretaria de Cultura porque ela teria muito mais autonomia. Poderia ser Cultura e Turismo, que são dois seguimentos muito importantes que podem trazer muito retorno para o município. Ter hoje uma secretaria é fundamental para que tenhamos os recursos do ICMS Cultural bem como o ICMS turístico, já que estamos dentro do Circuito Turístico Pico da Bandeira. Manhuaçu precisa pensar grande, pois existem hoje municípios menores no entorno que recebem mais recursos nesta área, chegando a ser até mesmo vergonhosa para nós esta situação”, concluiu Sebastião Januário.
Com informações TEMPO+ (tempomais.com)