sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Irmãos se reencontram após 52 anos de separação


Da esquerda para a direita: Divina Maria, Maria do Carmo,
Caetano Américo e Rosa Maria, posando para a primeira
foto durante o reencontro após 52 anos de separação
(Foto: Divulgação / Arquivo da família)

Uma propriedade rural entre os distritos de São Pedro do Avaí, em Manhuaçu e São Caetano, em Caputira, foi palco de uma emocionante história de reencontro entre irmãos. O fato aconteceu nesta terça-feira (13) no Córrego São Francisco, Município de Caputira. Três irmãs, residentes na região metropolitana de Belo Horizonte em visita à sua terra natal, descobriram o paradeiro do irmão, ao qual tinham perdido o contato no distante ano de 1959.
As irmãs Rosa Maria Costa, de 65 anos, Divina Maria da Silva, de 57 anos e Maria do Carmo Américo, de 54 anos, decidiram fazer uma viagem saudosista ao córrego onde nasceram e que haviam se retirado quando ainda eram bem jovens, no início dos anos sessenta do século passado. Elas sabiam que ainda deveriam morar inúmeros parentes no lugar. Parentes que elas apenas conheciam através das histórias contadas por seus pais, José Américo que era conhecido como José Grosso, e dona Laures Maria Américo, ou dona Lurinha, ambos já falecidos. Havia o desejo das três irmãs de fazerem esta viagem, mas foi a persistência da caçula da família, Maria do Carmo, que fez com que as três enfrentassem a estrada. Elas vieram apenas com duas referências sobre o local onde nasceram: a igreja Matriz de São Pedro do Avaí e uma frondosa árvore às margens da estrada que liga este distrito ao município de Caputira. A árvore em questão é um pé de Sapucaia, que ainda hoje permanece majestoso às margens da rodovia. Elas sabiam que se encontrassem a igreja, saberiam tomar o caminho até o pé de sapucaia e esta árvore estava em frente à estrada de acesso ao seu córrego natal. Maria do Carmo deveria ter aproximadamente três ou quatro anos de vida quando se mudou, mas ainda recordava das brincadeiras de criança ao redor da enorme sapucaia e de entrar em um buraco que existia ao pé da árvore. Era um desejo antigo seu de rever esse lugar que viveu por tão pouco tempo, mas que lhe trazia grandes recordações.
O pé de sapucaia, que embalava as lembranças de
infância de Maria do Carmo
(Foto: E.C.Sette / PR)
Ela conta que antes de partir para uma viagem ao interior do Estado do Rio de Janeiro, pediu que as irmãs estivessem prontas, pois em seu retorno as três iriam para São Caetano. Ao retornar de viagem foi ao encontro das irmãs e fizeram a viagem no sábado (10), tendo sua filha Christiane Américo como motorista e acompanhante. “Quando eu fui procura-las, elas não estavam prontas para a viagem. Elas não acreditavam que eu estivesse falando sério. Eu aguardei que elas se ajeitassem, pois caso contrário eu partiria somente com a minha filha”, disse Maria do Carmo.
Em São Pedro do Avaí, procuraram informações de seus parentes, sabendo que alguns ainda moravam no mesmo córrego.
A surpresa maior no reencontro da família foi saberem que o primogênito, Caetano Américo, de 69 anos, já havia quatro anos que mantinha contato com os mesmos parentes. Inclusive vindo passar alguns natais com os familiares. Caetano partiu de sua casa ainda na juventude, com destino ao Estado do Paraná, em busca de oportunidades melhores para sua vida. Ele é analfabeto, o que o impedia de manter contato com os pais e irmãs. O mesmo aconteceu com os demais membros de sua família, que foram para Belo Horizonte e perderam o contato com a região. Ainda no sábado as irmãs puderam falar ao telefone com o irmão. Divina, ou Didi, contou que esta simples ligação já foi motivo de muita emoção para todas elas. Era um sonho que acalentavam, de rever o irmão depois de tantos anos e que elas nem acreditavam que ainda pudesse estar vivo. Um sonho que também era acalentado por uma quarta irmã, Iolanda de Jesus, que faleceu há dois anos, aos 60 anos de idade.
Didi conta que elas tentaram por inúmeras formas uma localização do irmão ausente. Foram à polícia e efetuaram registro de desaparecido. Nessa oportunidade chegaram a encontrar um endereço antigo seu, mas ele já havia se mudado e os antigos vizinhos não souberam informar seu paradeiro. Ela tentou até mesmo um conhecido programa de rádio da capital mineira, já famoso por promover este tipo de reencontro, mas também sem sucesso nesta tentativa.
Caetano jamais se casou ou constituiu família. Ele reside atualmente no Distrito de Nova Veneza, Município de Sumaré, interior do Estado de São Paulo. Ainda durante o contato por telefone, ele comunicou às irmãs que era para elas aguardarem sua chegada, porque os quatro se reencontrariam no mesmo local em que se viram pela última vez.
Sua chegada durante a terça-feira foi marcada por uma forte emoção não apenas para os quatro irmãos, mas para todos que presenciaram a cena.
Os irmãos permaneceram com os parentes no Córrego São Francisco até a manhã de domingo (18), quando retornaram os quatro juntos para Belo Horizonte, onde Caetano conheceria seus parentes. O encontro na capital foi registrado com um grande almoço de domingo entre família.
De acordo com Rosa Maria, seu irmão irá ficar alguns dias na capital mineira, sendo que ela seguirá com ele depois para São Paulo, onde ficará algum tempo lhe fazendo companhia. O desejo das mulheres é que Caetano venda sua casa em São Paulo e compre uma em Belo Horizonte, para viver próximo de sua família. “Foram 52 anos de afastamento, quase sem esperanças de que pudéssemos nos rever. Agora nós não queremos mais perdê-lo de nossas vistas”, disse ela com a voz embargada pela forte emoção. Rosa Maria tinha 13 anos de idade quando viu o irmão pela última vez. E por ser adolescente como ele naquela época, é a única das irmãs que guarda maiores recordações do tempo em que ainda residiam na mesma casa.
No sábado (17), quando esta reportagem registrou o reencontro, era possível presenciar a satisfação e a emoção de todos eles. E nas brincadeiras e inúmeros comentários carinhosos entre si, era possível perceber uma enorme intimidade entre os irmãos, provando a todos os presentes que os 52 anos de afastamento seria incapaz de destruir o amor fraternal que ainda os une.
Flagrante registrado por familiares do instante em que os irmãos se reencontraram após 52 anos de separação
(Foto: Divulgação / Arquivo da Família)
Por Everardo C. Sette
Portal Realeza
portalrealeza@portalrealeza.com

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